Publicado por Alessandro
Publicado a 23 de fevereiro de 2017
(E chamam isso de gestão de influenciadores)
Esta semana uma reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que o governo brasileiro havia pago para que influenciadores no YouTube falassem bem do novo Ensino Médio, que foi sancionado pelo presidente Temer.
O que pareciam vídeos espontâneos, na verdade, foram incentivados por uma verba de 65 mil reais pagas pelo Ministério da Educação, segundo a Folha.
Nos EUA este tipo de ação é regulamentada por código de ética. Grandes marcas como Coca-Cola, Burger King e Honda, associadas à Word of Mouth Marketing Association – Womma (Associação de marketing boca a boca), concordaram em revelar a relação comercial entre uma marca e um influenciador em qualquer material publicado na internet.
No Brasil, não existe regulamentação sobre o tema e não apenas governos, mas marcas, pagam por reputação sem revelarem a relação comercial com influenciadores e celebridades da internet. Viramos o país do post pago e das marcas que pagam por reputação.
Desde muito antes de Xuxa se maravilhar com os milagres de um hidratante, não há mal nenhum em contratar uma celebridade para endossar uma marca. Mas quando olhamos para as mudanças profundas que a mídia digital está promovendo, parece que estamos fazendo cinema filmando uma peça de teatro.
Quando falamos de Mix de Comunicação não podemos esquecer que diferentes disciplinas como Propaganda, Relações Públicas, Marketing Direto, entre outras, devem ser combinadas para trazer o melhor resultado ao cliente. O problema acontece quando nossos gestores de Marketing não conseguem distinguir as diferenças entre cada disciplina e suas vantagens e desvantagens.
O post pago é uma forma de comunicação que podemos colocar dentro do guarda-chuva da propaganda. A propaganda é excelente ferramenta para gerar “lembrança de marca”, mas será que é a melhor para gerar reputação? Graças à maravilha da mídia digital hoje é possível mostrar minha mensagem paga para todos os fãs de Neymar no Facebook sem contratar o craque e por um custo bem baixo. Uns dirão: “mas não tem o endosso do craque!”. Verdade. O post pago tem, o problema é que quase ninguém acredita nele.
Assim como o Governo Federal, as marcas contratam influenciadores para gerarem reputação positiva para um tema, marca, produto ou serviço. Em tempos de Lava Jato, pagar pela reputação gerada por influenciadores, sem deixar clara a relação comercial, pode ter um efeito totalmente contrário.
Na minha visão, o mercado comete alguns erros:
O estudo da Takumi é interessante pois, pela primeira vez foi demonstrado que influenciadores (>100 mil seguidores) e micro-influenciadores (<1.000 seguidores) podem gerar resultados bem diferentes.
E como seria a gestão dos novos micro-influenciadores sem usar mídia paga? Vamos pegar um exemplo do século passado: as reuniões da Tupperware.
Fundada em 1948 por Earl Tupper, a Tupperware inaugurou a era do marketing em mídias sociais muito antes da invenção do computador pessoal, da internet e do smartphone. As “Tupperware parties” eram o equivalente no mundo atual aos grupos e páginas do Facebook ou aos influenciadores do Twitter e Instagram. Nessas festas, promovidas sempre por uma popular dona de casa, várias amigas e conhecidas compareciam para bater papo, comer quitutes e de quebra conhecer os produtos da marca.
O assunto é polêmico, mas vale lembrar que o digital é um espaço aberto para experimentação e mensuração de melhores práticas.
E você, como gerencia sua reputação?
Alessandro Lima
CEO do Grupo E.life