Publicado por Pedro Fernandes
Publicado a 13 de fevereiro de 2020
Por Daniela Araujo, da Elife Portugal
Sundar Pichai se tornou CEO do Google em 2015 e CEO da Alphabet, empresa-mãe do Google, em 2019. Quem é Sundar Pichai e quais suas perspectivas sobre o futuro da gigante tecnológica?
As origens de Sundar Pichai
A vida nem sempre sorriu para este engenheiro indiano. Pichai nasceu e cresceu em Chennai, na Índia. Era capitão de um time de críquete e, ainda criança, sonhava em ser jogador. Ser engenheiro foi um caminho escolhido mais tarde.
A origem humilde de Pichai o ajudou. Desde cedo, buscou melhorar suas condições de vida. Sua família vivia em uma casa com dois cômodos, onde o indiano dormia no chão da sala com o irmão mais novo. O sustento vinha do pai, que trabalhava na companhia de eletricidade local, o que iniciou o gosto de Sundar por tecnologia. A família não teve televisão, telefone ou carro durante anos. A prioridade era a educação dos filhos.
Pichai cursou Engenharia Metalúrgica no Indian Institute of Technology. Após terminar a licenciatura em 1993, ganhou uma bolsa de estudos da Universidade de Stanford. O valor da passagem de avião para os EUA foi maior que o salário de um ano inteiro de seu pai.
Sundar Pichai em Stanford
Em Stanford, tornou-se mestre em Engenharia de Materiais e depois trabalhou na Applied Materials, empresa pioneira da indústria de chips. Fez também um MBA na Wharton School e teve uma curta experiência em consultoria na McKinsey.
Sundar entrou no Google em 2004 e seu trabalho estratégico fez a diferença desde o início.
Qual foi o caminho de Sundar Pichai para se tornar CEO do Google e Alphabet?
Com um currículo de peso, Pichai entrou no Google em 2004. Na época, a empresa crescia rapidamente e ainda tinha a Microsoft como seu maior adversário. O atual CEO começou como gestor de produtos. Seu primeiro desafio foi o Google Toolbar, que permitia às pessoas fazer buscas em navegadores sem estar na página do Google.
Nos anos seguintes, Pichai trabalhou no desenvolvimento do Google Chrome. O browser criado por ele era o mais rápido e eficiente e foi lançado em 2008. Em 2012, já era o navegador mais utilizado em computadores e, com o crescimento do Android, passou a ser também o mais popular em smartphones.
O sucesso do Chrome aumentou a reputação de Pichai e o levou a cargos de liderança no Google. Seu envolvimento com o Gmail, Google Maps e Chrome OS também ajudaram o indiano a crescer ainda mais na empresa. Em 2013, já era Chefe de Produto, posição concedida por Larry Page, um dos fundadores. Dois anos antes, Sundar tinha sido contatado pelo Twitter e, em 2014, foi apontado como um possível CEO da Microsoft. Em ambos os casos, recebeu incentivos financeiros para continuar no Google.
Sundar Pichai com Larry Page
Em 2015, finalmente se tornou CEO da multinacional para substituir Page, um dos co-fundadores da empresa. Neste ano surgiu a Alphabet, presidida por Larry Page e Sergey Brin, que deixaram o Google nas mãos de Pichai.
Em dezembro de 2019, Page e Brin anunciaram seu afastamento da liderança da Alphabet, que engloba todos os produtos do Google. Para eles, era preciso simplificar a estrutura. Em um comunicado oficial foi divulgado que Sundar Pichai seria CEO não só do Google, mas também da Alphabet.
Em sua carta de saída, os dois fundadores destacaram as capacidades de Pichai: multiplicou os lucros e encontrou novas fontes de receita para o Google.
A mudança na liderança da Alphabet foi feita em um momento em que se pedia uma maior regulamentação na área de tecnologia, devido à privacidade e ao uso de dados para fins políticos. Embora Pichai já tenha se posicionado sobre isso perante o Congresso norte-americano, seu cargo duplo traz pressão dobrada. Apesar disso, o indiano afirmou que ser CEO da Alphabet não faz diferença no dia a dia e que continuará com o apoio dos fundadores do Google no futuro.
O futuro com Sundar Pichai
Sundar Pichai quer reinventar o Google e todas as experiências digitais. O CEO do Google afirmou em entrevista à revista Forbes:
“Nossa visão é que o mundo que temos hoje, em que o mobile prevalece, vai dar lugar a um mundo apoiado sobre a inteligência artificial”
Sundar Pichai no seu escritório do Google
A inteligência artificial faz parte do DNA do Google há muito tempo; a empresa já se mostrou pronta para lançar produtos que superam a concorrência. O Google Home é uma das inovações mais recentes, mas Pichai afirma que só funcionará perfeitamente em alguns anos.
O produto é uma forma nova e interativa de comunicação e pode ser usado como um assistente pessoal que reserva voos, compra passagens, responde mensagens, agenda tarefas e garante que nada fique esquecido. O Google Home pode não só sugerir presentes para datas especiais, mas também lembrar de fazer a mala para a próxima viagem. A Elife é uma das milhares de desenvolvedoras de aplicações para Google Home ao redor do mundo.
Pichai vai continuar trabalhando no novo assistente e quer garantir que possa ser usado em todos os momentos, não só em casa e no celular, mas também no carro ou relógio. Para quem tem problemas de fala, Sundar afirma que está explorando alternativas, como a pessoa digitar um texto e o assistente lê-lo em telefonemas.
Se tem um longo dia pela frente e “n” coisas para fazer, o assistente estará lá para ajudar.
Sundar Pichai num evento sobre o Google Assistant
Embora o Google seja incontestável em sua superioridade nas áreas de inteligência artificial e machine learning, Tim O’Reilly, fundador da O’Reilly Media, deixou um alerta: “A força do Google, em termos de inteligência artificial, pode ser sua fraqueza, ou seja, pode correr o risco de deixar passar oportunidades simples para criar experiências que interessam pouco às pessoas.”
Quando falamos sobre o futuro do Google, não podemos deixar de mencionar o Google Brain, o centro dos produtos inovadores da empresa. O Google Brain começou em 2011 e consiste em uma equipe de pesquisa em inteligência artificial, que busca criar melhorias para a indústria tecnológica. Pichai acredita que a empresa terá mais sucesso com o trabalho contínuo em inteligência artificial.
Enquanto o Google Brain segue pesquisando, os concorrentes não dão trégua. Mark Zuckerberg quer, nos próximos anos, avançar no reconhecimento de imagem e idioma no Messenger, Jeff Bezos já aposta em novos recursos para aperfeiçoar a Alexa e a Apple também tem sua atenção voltada para a Siri.
Para Pichai, o Google está à frente, mas terá muito trabalho no futuro: Além de Facebook, Amazon e Apple, a Microsoft também é um forte nome nos mercados de software e serviços em nuvem.
Empresas formam a parceria “Connected Home over IP”
Concorrentes também podem trabalhar juntos. Em dezembro de 2019, o Google anunciou uma parceria histórica com a Amazon e a Apple. As gigantes se uniram para impulsionar a tecnologia Smart Home. O nome da parceria é Connected Home over IP: permitirá a criação de dispositivos inteligentes, compatíveis com Android e IOS e com os assistentes Google, Alexa e Siri.
O futuro promete. Além do Google Assistant ajudando cada vez mais, o Google já utiliza a Inteligência artificial em diversos produtos como o Google Photos e Gmail. Nossa forma de usar o smartphone vai mudar e veremos surgir produtos e serviços que ainda nem imaginamos.
Referências
https://www.bbc.com/news/technology-50656803
https://www.britannica.com/biography/Sundar-Pichai
https://www.jn.pt/inovacao/as-origens-humildes-do-novo-ceo-da-google-4724710.html