Com população majoritariamente online e mobile, e-commerce brasileiro se fortaleceu durante o lockdown

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Publicado a 12 de novembro de 2021

Por Breno Soutto, Head of Insights do Grupo Elife

Com o crescimento da população online e mobile, o e-commerce de quase todos os setores cresceu em 2020. Além disso, houve consolidação do papel das redes sociais e sites de busca nos processos de compra do consumidor brasileiro. É o que nos mostra a versão de 2021 do Global Statshot Report com dados globais sobre o acesso à internet, uso de devices e de redes sociais no ano de 2020 lançado pela We are Social.

O Brasil é um país online e mobile:

  • Temos uma penetração de internet de 75% da população contra os 61,8% da média mundial. Houve um crescimento de 6,4% de usuários de internet quando comparamos 2020 com 2019;
  • O país também está além da média de uso mobile, com 96,3% da população com uma linha mobile contra 67,1% da população mundial. Aqui, no entanto, observamos um decréscimo de 1,3% de usuários com relação ao período anterior.
  • Além disso, 70,3% da população brasileira, além de online, é ativa em redes sociais. Um crescimento de 7,1% com relação a 2020.

Uso de internet por país com destaque para o Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Internet é forma de consumo de mídia mais intensamente usada no país:

  • O Brasileiro gasta, em média, 10 horas e 8 minutos online por dia. É o segundo maior índice de tempo online do mundo, atrás somente das Filipinas. Para comparativo, a média mundial é de 06 horas e 58 minutos. 
    • Deste tempo, 3 horas e 42 minutos diários são usados em redes sociais. A média mundial é de 2 horas e 27 minutos.

Uso de internet por país com destaque para o Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

  • 96,1% dos brasileiros acessaram a internet de plataformas mobile e o tempo médio de acesso mobile é de 5 horas e 17 minutos por dia para o país, também o segundo maior do mundo – um crescimento de 25% em relação ao ano anterior.

Uso de internet móvel por país com destaque para o Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

  • A segunda plataforma de consumo de mídia é a televisão, com uso total de difusão e streaming somando 4 horas e minutos por dia em média;
  • Podcasts ainda têm consumo menor no Brasil do que no restante do mundo. Enquanto a média mundial é de 57 minutos ao dia, o brasileiro fica em média 51 minutos consumindo este tipo de conteúdo.

Também vale destacar a fonte do tráfego mobile no país, que é majoritariamente de usuários Android:

Fonte de tráfego mobile por sistema operacional:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

O estudo também mostra que o celular se consolidou como a central não só de comunicação e redes sociais, como também de entretenimento, compras e serviços no Brasil:

Aplicações mobile por categoria:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Quando abrimos a categorização acima em apps de uso geral e jogos, percebemos a importância do WhatsApp e do Facebook no dia a dia do brasileiro:

Principais apps e jogos em uso no Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Sobre o uso mobile intenso, a velocidade de conexão no país fica bastante aquém da média mundial, ainda que com um aumento de velocidade de 18% em relação ao ano anterior:

Velocidade média de conexão mobile em Mbps com destaque para o Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Estar abaixo da média é algo que se repete nas conexões fixas, que têm uma velocidade média de 78,1 Mbps. Aumento de 60,2% em relação ao ano anterior:

Velocidade média de conexão fixa em Mbps com destaque para o Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Google é o site mais acessado do Brasil:

De acordo com Semrush, Similar web e Alexa, o Google foi o site mais acessado do país, tanto no número total de visitas como no de visitantes únicos.

Ranking de visitas em Dezembro de 2020 segundo o Semrush:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

A posição de primeiro do Google se mantém também nos índices da Similarweb e Alexa, além de ter sido o site que mais teve referências em redes sociais. No último índice, o buscador foi seguido por globo.com, uol.com e Facebook.

A plataforma de busca foi utilizada para buscas por meteorologia e ferramentas de tradução além de buscas por redes sociais, portais de notícias e comunicadores instantâneos:

Principais buscas no Google em 2020:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Embora haja grande adoção do Google, buscadores não são a única forma de o brasileiro encontrar o que deseja online e outras formas de busca são bastante adotadas: 

  • 61,6% das pessoas usaram redes sociais como fonte de busca principal sobre marcas e serviços no mesmo período. Uma proporção 38% maior do que a média mundial

Além disso, formas distintas de buscas são usadas além do texto:

  • 60,5% usaram reconhecimento de imagem (apenas para plataforma mobile), 84% a mais do que a média do mundo;
  • 40,2% usaram comando de voz em suas buscas, aqui, ficando atrás da média mundial de 45,3%.

Digital segue como a principal forma de consumo de qualquer formato de mídia:

O consumo de diversos tipos de conteúdo dependem cada vez mais da presença digital, desde para o já consolidado audiovisual ou serviços de streaming de música online como para formatos mais novos, como os podcasts. Nesta diversificação de conteúdos, o brasileiro fica bem próximo à média mundial.

Conteúdos consumidos online:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Somos o povo com maior desconfiança sobre as informações recebidas no mundo:

De todos os países estudados, o Brasil é o que mais se preocupa com a veracidade e confiança das notícias recebidas com 84% dos consultados se dizendo preocupados com o tema contra 56,4% da média mundial:

Preocupação com desinformação e fake news:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Além disso, o brasileiro é o terceiro povo mais preocupado com mau uso de suas informações pessoais, sendo que 50,7% dos consultados consideram a questão um problema, quando a média mundial é de 33,1%.

Praticamente todo internauta brasileiro usa redes sociais:

Dos internautas brasileiros, 99,9% relataram usar redes sociais, sendo que o tempo médio de uso é de 3 horas e 42 minutos por dia e 59% dessas pessoas usam as redes sociais para trabalho em algum nível.

Os destaques de uso das redes vão para Youtube, WhatsApp, Facebook e Instagram, todos com adoção superior a 80% da população online:

Redes sociais mais utilizadas no Brasil:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

O lockdown impulsionou o e-commerce, com destaque para celulares e eletrodomésticos

Das pessoas estudadas, 17,5% realizaram alguma transação online, sendo que este número é maior para homens (21%) do que para mulheres (14,5%). Deste total:

  • 91,4% fazem buscas online sobre produtos e serviços;
  • 94,2% visitaram varejos online;
  • 79,4% usaram apps de lojas online em seus celulares;
  • 76% efetivamente compraram algo online
  • 50,8% compraram a partir de seus celulares.

Os mercados com maior movimentação financeira online foram música (US$ 448,6 bi); viagens, transporte e acomodações (US$ 15,97 bi) e eletrônicos e mídias físicas (US$ 5,66 bi). 

Gasto em e-commerce por categoria:

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Interessante destacar que todos os segmentos, exceto o relacionado a turismo, tiveram crescimento considerável em 2020 com relação a 2019. Consequência clara do lockdown.

As principais buscas realizadas no Google Shopping no período estiveram ligadas a celulares, roupas e eletrodomésticos e alguns varejos também se destacam na plataforma, como Mercado Livre, Madeira Madeira, Americanas e Magazine Luiza.

Top buscas no Google Shopping

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Online supera o offline para a descoberta de novas marcas:

O relato de descoberta de novas marcas por meios online supera aqueles offline e redes sociais e televisão estão praticamente empatados.

Top buscas no Google Shopping

Fonte: Digital 2021 Global Overview Report

Ainda assim, as redes sociais são a forma mais adotada para se pesquisar sobre produtos e serviços, com 61,6% dos consultados indicando esta forma, sendo que mecanismos de busca ficam em segundo lugar, com 59,7%.

Em resumo:

O brasileiro é um dos perfis mais conectados do mundo e a pandemia intensificou este aspecto. O reflexo disso pode ser visto no consumo de mídia e de produtos e serviços, principalmente em compras online e no processo de descoberta de novos produtos e serviços.

Manter uma presença online estrategicamente planejada e de qualidade mais uma vez se mostra mandatório para quem quiser sobreviver neste novo contexto de uma população cada vez mais acostumada ao consumo online.