Publicado por Pedro Fernandes
Publicado a 9 de junho de 2020
O “espírito produtor” sempre esteve presente na realidade do nosso país, porém, a abordagem criativa dos brasileiros para as questões econômicas ganharam ainda mais espaço durante o período de isolamento na pandemia. Somos especialistas por natureza e, com isso, a filosofia “do it yourself” (faça-você-mesmo) que consiste na construção, reparação e modificação das coisas sem supervisão de uma autoridade sobre o assunto apresentou um crescimento de 25 pontos na popularidade de buscas feitas no Google entre 01 de janeiro e 05 de junho de 2020 usando como referência o termo “como fazer”.
O comportamento é histórico e já foi pontuado pelo Facebook em um estudo divulgado este ano chamado: “The 2020 Topics and Trends Report From Facebook IQ“. A metodologia do estudo utiliza como referência padrões de conversas na plataforma para identificar hipóteses comprovadas com fontes complementares. No gráfico abaixo, o resultado das conversas apontam crescimento do tema no histórico entre 2018 e 2019.
Quem são as pessoas interessadas em produções independentes?
Para investigar o perfil deste público, utilizamos o Facebook Audience Insights, ferramenta na qual se pode investigar comportamentos de um público-alvo a partir de um tema de seu interesse e os demais temas que também são relevantes para este público. Nossa pesquisa revelou que, no Brasil, existem aproximadamente 30 milhões de pessoas interessadas em do it yourself, distribuídos entre 70% de mulheres e 30% de homens, majoritariamente entre os 25 e 34 anos de idade, casados (55%) e com nível superior (63%).
Entre as top 10 páginas de maior relevância para este público, identificamos uma única marca presente no resultado: a Tok&Stok, que se define em sua página como uma marca na qual “Você escolhe. Você cria. Você monta. Você decora. Você confia, há 41 anos”.
O que o brasileiro tentou “criar” sem a ajuda de um especialista neste período de quarentena?
Para responder a essa pergunta, levantamos o histórico de pesquisas feitas no Google, neste ano, que continham o termo “como fazer” e notamos que o comportamento de interesse na técnica não só cresceu 25 pontos de popularidade (de 48 em 01/01 para 73 em 05/06) como também se manteve constante durante todo o período até aqui.
O resultado pode ser analisado a partir de duas métricas: as principais buscas do período, ou seja, as mais frequentes ou as buscas em ascensão, aquelas que tiveram crescimento repentino. Na categorias das principais buscas, percebemos que o tempo em casa fez o brasileiro redescobrir a cozinha e suas habilidades culinárias, entre elas, a receita mais pedida: bolo de chocolate e bolo de cenoura (isso explica os stories que você vem acompanhando no seu perfil do Instagram).
Principais buscas
Nas buscas em ascensão, as preocupações com a saúde e o risco de contaminação levaram os brasileiros a busca por métodos caseiros de produção de máscara de tecido e álcool em gel, além disso, as procuras pelo auxílio emergencial do governo e o cadastro único (instrumento de coleta de dados e informações que objetiva identificar todas as famílias de baixa renda existentes no país para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda).
Buscas em ascensão
Sabemos que o período influencia diretamente na conduta do usuário, porém, independente da pandemia, a prática de confecção manual foi comprovada como um comportamento histórico e em ascensão na realidade brasileira. Assim, os profissionais de marketing podem acompanhar estas tendências como forma de compreender o cenário e entender caminhos para se conectar com esta parcela da população cada vez mais autônoma.
William Ferreira
Coordenador de customer experience e social listening